Em pronunciamento no Plenário, na sessão desta segunda-feira (07/10), o senador Styvenson Valentim anunciou que está criando um grupo de trabalho na Comissão de Direitos Humanos (CDH) para analisar o sistema penal aplicado a crianças e adolescentes. O objetivo, explicou o senador, é estudar a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que vai completar 30 anos em 2020, no que se refere à execução das medidas socioeducativas aplicáveis em caso de infração cometida por menores de idade.
“Vira e mexe somos surpreendidos por atos de violência cometidos por crianças que deveriam estar brincando, estudando, sendo apenas crianças. É claro que os números tratam muito mais de crianças e adolescentes que são vítimas dessa violência. Entretanto, quero chamar aqui para a nossa reflexão que, inclusive, essas crianças que cometem crime são também vítimas de outro tipo de violência que se traduz em mais males para a sociedade”, disse o senador Styvenson.
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, em 2016, aproximadamente 192 mil menores cumpriram algum tipo de medida socioeducativa, o dobro do ano anterior. Já o último levantamento do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) mostrou que, em 2016, mais de 26 mil meninos e meninas entre 12 e 21 anos estavam em unidades de restrição e privação de liberdade no Brasil. A infração mais frequente é o tráfico de drogas, e depois vem o roubo, destacou Styvenson.
“Esse modelo de correção ainda é válido para o cenário que vivemos hoje?”, questionou o senador do Podemos do Rio Grande do Norte.
O senador destacou caso ocorrido no dia 29 de setembro, em que uma criança de 9 anos de idade teve a morte provocada por um garoto de 12 anos.
“Aonde esse garoto será levado para tratamento? Ele deve ser tratado, ser punido? São perguntas da sociedade. O Estado está preparado para enfrentar casos tão extremos como o desse assassinato em idade tão precoce? São questões que devem ser enfrentadas, principalmente porque devemos e podemos criar rapidamente uma discussão para redução ou não da maioridade penal. E essa discussão já está aqui”, afirmou.
Styvenson destacou que o grupo não vai discutir a redução ou não da maioridade penal, mas se as medidas previstas no ECA são suficientes e adequadas para lidar com o cometimento de atos infracionais por adolescentes e crianças
“Em que situação se encontram as instituições encarregadas em aplicar tais medidas? Qual vem sendo o papel do Ministério Público diante da aplicação dessas medidas? Quais os resultados obtidos pela aplicação delas? Qual o índice de reincidência registrado entre os adolescentes que cometem atos infracionais e são submetidos a medidas socioeducativas? São perguntas que precisam ser respondidas. A discussão de reduzir maioridade, colocar dentro de uma cadeia, tirar a liberdade ou não, será um segundo passo”, concluiu o senador Styvenson Valentim.
(com informações da Agência Senado)
Foto: Luiz Wolff