O deputado federal acredita que a postura do Presidente ao tomar uma decisão e voltar atrás, transmite um clima de instabilidade política, e acaba afastando investidores
O líder do Podemos na Câmara, José Nelto apoiou a sinalização feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), de uma possível revisão na lei do teto de gastos, que coloca uma trava no crescimento das despesas públicas. O porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, chegou a dizer no fim da tarde de quarta-feira (4), que o presidente defende que a Lei do Teto de Gastos seja alterada, pois, caso isso não aconteça, a máquina pública será paralisada.
Contudo, um dia após essa indicação de um possível ajuste, Bolsonaro voltou atrás. Na conta do Twitter, o Presidente disse que é preciso “preservar” a Emenda do Teto.
Para o deputado federal José Nelto, isso gera uma instabilidade na economia, e causa sentimento instável tanto nos investidores brasileiros, quanto nos estrangeiros. “É muito difícil. Na economia o Presidente sinaliza que a matemática é exata, mas não mostra a verdade da situação do país, e no outro dia recua. Isso pode agravar em um apagão no setor público, que já está iminente”, alerta Nelto.
A regra, proposta pelo governo Michel Temer em 2016 e aprovada pelo Congresso, determina que os gastos da União (Executivo, Legislativo e Judiciário) só poderão crescer conforme a inflação dos 12 meses anteriores à elaboração do Orçamento da União. Para Nelto, a equipe econômica daquele governo, mostrava mais resultados do que a equipe de Bolsonaro.
“Meirelles levou o Brasil a 2% de crescimento. Agora basta olhar como está a situação do país. Queda no PIB e esses desencontros do governo, acabam gerando essa instabilidade política, esse confronto com os países da América. É um cenário que gera insegurança para os investidores”, explica.
A equipe econômica de Bolsonaro não demonstra interesse em alterar a regra, contudo, pode ser necessária uma mudança para flexibilizar o mecanismo. Uma sugestão poderia ser a permissão para correção das despesas não só pela inflação, mas também pelo crescimento do PIB do ano anterior.
“Parece que o ministro Paulo Guedes está na cápsula do tempo e não está conseguindo ouvir a voz dos empresários, dos desempregados. Ele não tem diálogo com o Congresso Nacional”, afirma José Nelto.
O líder do Podemos acredita que o diálogo precisa ser estreitado, e que a reforma tributária deveria ser uma prioridade na agenda de Guedes.
“A política econômica do Paulo Guedes é uma politica de recessão, é uma politica para agradar os banqueiros, tendo os juros mais altos. Além disso, não tem proposta para a reforma tributária, permanece protelando. Estamos caminhando para o décimo mês de governo e não temos uma proposta da equipe da economia para essa reforma”, destaca o deputado federal.
A previsão de Nelto para os próximos dias, é de turbulências.
“Lamentavelmente, é isso que vejo que vamos enfrentar pela frente. Eu quero ver o que vai acontecer na hora que o país paralisar, servidores nas ruas, desempregados nas ruas, o empresariado pagando uma carga tributária altíssima… a equipe econômica ficará insustentável”, completa o líder do Podemos.