Desde o início da Lava Jato, à medida que a Operação avança, inúmeras ações tentam implodir o trabalho de combate à corrupção no Brasil. Desde retrocessos na legislação penal, como o fim da prisão em segunda instância, até a intimidação e interferência no trabalho dos procuradores, o que levou, no fim do mês de junho, à renúncia de três integrantes da força-tarefa.
“É o maior erro da história do Brasil querer acabar com a Lava Jato. Essa operação conseguiu colocar a mão nos maiores corruptos do país, tanto da classe política quanto na classe empresarial. E quem se atrever a acabar com a Lava Jato irá pagar um preço muito alto politicamente. E esse será um atentado ao combate à corrupção”, acusa o deputado federal José Nelto (GO).
Na avaliação do senador Styvenson Valentim (RN), a Lava Jato trouxe a esperança de volta aos brasileiros. Ele destaca que o trabalho isento da Operação colocou na cadeia autoridades e empresários que se achavam “inatingíveis” e acima da lei.
“A Lava Jato foi um dos maiores presentes que o Brasil já teve. Graças a todas essas instituições e esses profissionais, que trouxeram à tona o que estava por debaixo desse pano obscuro da corrupção. Estão querendo destruir essa Operação para poder voltar à Idade das Trevas, mas estamos aqui, justamente, para não deixar a Lava Jato morrer”, garante o senador.
Para os parlamentares do Podemos, o legado da Lava Jato é incontestável. De acordo com dados do Ministério Público Federal (MPF), em seis anos, a operação registrou a devolução de mais de R$ 4 bilhões aos cofres públicos. Além disso, realizou 70 fases que resultaram em 500 pessoas acusadas, 52 sentenças e mais de 210 condenações em primeira instância.
O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Fábio George Cruz da Nóbrega, classifica os últimos acontecimentos ocorridos com membros da Operação Lava Jato como “preocupante”.
“Vejo com preocupação a constante saída de membros do grupo da Lava Jato na PGR”, disse o presidente da ANPR.
Mais retrocessos
O Conselho Superior do Ministério Público Federal analisa proposta de criação de uma unidade central de combate à corrupção. A ideia é centralizar dados das investigações em curso e todo material ficar subordinado ao Procurador Geral da República, Augusto Aras.
O deputado José Nelto convoca as autoridades e à sociedade para impedirem o desmanche da Lava Jato. Para o parlamentar, é hora de reagir.
“Quero que a população brasileira fique de olho em quem está contra o combate à corrupção. É preciso chamar a sociedade, envolver o Ministério Público, juízes e políticos que têm compromisso de pôr fim à corrupção no Brasil para defender a Operação Lava Jato e todas suas conquistas. Não podemos aceitar retrocessos”, conclui o deputado.