Contra a tendência demasiado humana de apego ao poder foram erigidas as instituições republicanas, que sempre tiveram entre seus elementos principais a alternância nos cargos políticos. Trata-se de corolário da ideia de que o poder não é propriedade de determinadas pessoas ou grupos.
Já que a praxe considera nova eleição aquela feita de uma legislatura para a outra, a tentativa de reeleição para as Mesas das Casas do Legislativo abre a temerária possibilidade de perpetuidade nos cargos de direção.
Por bons e grandes que sejam os dirigentes, melhor é a República, maior é o Congresso. Ainda que se reconheçam seus méritos e conquistas, a reeleição indefinida apequena as Casas do Congresso como instituições e desvaloriza os seus membros, como se não fossem todos pares, e não houvesse capazes e preparados para a direção das Casas.
A alteração das regras do jogo, assim como sua casuística reinterpretação para o favorecimento de quem está no poder, é medida que se dissocia do espírito republicano que deve nortear a nossa política. Com medidas como essas, não podemos concordar.
Brasília/DF, 03 de setembro de 2020
Deputada Federal Renata Abreu – presidente nacional do Podemos
Senador Alvaro Dias – líder do Podemos no Senado