O líder do Podemos na Câmara, deputado federal Igor Timo (MG), levou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, proposta para que sejam recriadas as forças-tarefas da Operação Lava Jato, no âmbito do Ministério Público Federal (MPF). Em fevereiro desse ano, a PGR acabou com esse modelo de investigação e incorporou as forças-tarefas aos Grupos de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaecos).
“O trabalho exitoso das forças-tarefas, fundamentado na disponibilidade de recursos humanos e materiais compatíveis com a complexidade dos fatos averiguados, recomenda retomada desse modelo internacional de investigação até a responsabilização de todos os envolvidos no esquema de corrupção desmantelado pela Lava Jato”, assinala o líder do Podemos, Igor Timo, em ofício dirigido a Augusto Aras.
Dados do Ministério Público Federal mostram que o trabalho da Lava Jato resultou na condenação de 278 criminosos, com a soma de mais 2.611 anos de prisão no total, e a devolução de R$ 4,3 bilhões aos cofres públicos.
“O êxito dessa Operação deve-se em muito à implantação dos modelos das forças-tarefas, com dedicação exclusiva de trabalho dos Procuradores, exigência necessária diante de investigações tão complexas”, ressalta Igor Timo.
Retrocessos preocupam autoridades internacionais
A extinção da força-tarefa da Lava Jato e o retrocesso no combate à corrupção no país são também motivos de preocupação da comunidade internacional. Em março deste ano, após a Procuradoria-geral da República confirmar o fim das forças-tarefas, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, em decisão inédita, determinou a criação de um Grupo de Trabalho Anticorrupção, de caráter permanente, composto por membros dos Estados Unidos, da Itália e da Noruega, para monitorar a situação no Brasil. No comunicado, a OCDE afirma que o fim “surpreendente da Lava Jato” preocupa autoridades internacionais.
Em Nota Pública, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) também defendeu a importância das forças-tarefas para o trabalho de investigação do Ministério Público.
“As forças-tarefas se constituem em modelo internacional de sucesso nas grandes e complexas investigações realizadas e, por isso, vêm sendo utilizadas com bastante êxito no MPF nas últimas décadas. Servem ao enfrentamento da corrupção, da criminalidade organizada, bem como na defesa dos direitos humanos e do meio ambiente”, diz trecho da nota da ANPR, emitida no ano passado.
Em matéria do jornal O Globo, intitulada “Modelo que substitui a Lava-Jato opera de forma escassa”, ex-integrantes da Lava Jato criticaram a decisão da PGR e advertiram que “criar os grupos sem dotá-los de uma estrutura administrativa razoável não permite que grandes investigações avancem”.
Indicação - Recriação das forças-tarefas da Lava Jato no MPF