A nebulosa renúncia de mandato da parte do ex-deputado federal, Jean Wyllys (PSOL), eleito em 2018 com pouco mais de 24 mil votos e que decidiu não tomar posse do cargo por possíveis ameaças que estaria sofrendo, forma um enredo que não convenceu o atual deputado federal, José Medeiros (Podemos/MT). O parlamentar do Podemos aponta para motivos externos que podem ter feito a decisão de Jean ter sido baseada em uma realidade distante de seu livre arbítrio e muito além do que se conhece até agora.
Diante de vários indícios de irregularidades e informações desencontradas, desde o frágil registro técnico das ameaças a Wyllys, além de desavenças públicas entre o mesmo e o jornalista Glenn Greenwald, marido do primeiro suplente e herdeiro imediato da vaga de Jean, David Miranda (PSOL), Medeiros oficiou à Procuradoria Geral da República – PGR e à Polícia Federal – PF, no início do ano, que aprofundassem qualquer tipo de interferência de Glenn na decisão do titular da vaga. Diante da inércia das investigações, o deputado reiterou os pedidos em data recente.
“Ainda enquanto ocupava a cadeira de senador, em janeiro, oficiei à PGR e PF que toda essa situação precisava ser melhor acompanhada, em proteção do próprio Jean e em respeito até aos seus eleitores. É muito grave e estranho alguém ganhar uma eleição tão difícil de vencer e decidir que simplesmente não quer assumir. Acrescentase os entreveros públicos com o marido do seu suplente e do histórico complicado dessa pessoa. Jean agora mora na Europa, segue seu ativismo ideológico fervoroso, o que não seria próprio de alguém tão amedrontado a este ponto, mesmo à distância, e vive viajando pelo continente mais caro do mundo, sabe-se lá com qual recurso. Trata-se de um mandato federal, então é mais do que cabível a averiguação”, ponderou.
Medeiros acrescenta que o objetivo dos ofícios que enviou em janeiro e reiterou em junho é especificamente a questão do mandato de Jean, agora ocupado por David, e nada tem a ver com o trabalho do site The Intercept, de propriedade de Glenn, que se utiliza de produto hackeado, ou seja, conversas roubadas de autoridades nacionais, para divulgar matérias ofensivas ao atual ministro Sérgio Moro. “De repente, estamos falando de dois crimes diferentes, envolvendo a mesma pessoa. Importante salientar, no entanto, que minha preocupação quanto ao mandato não se trata de uma defesa política, mas vai muito além. É fundamental que se trate essa situação com a seriedade devida. Espero, efetivamente, que a Polícia Federal esteja cumprindo essa tarefa, caso contrário representarei seu diretor por esta omissão”, finalizou.