O Brasil precisa conhecer melhor sua realidade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Hoje, as estimativas sobre o número de autistas no país são baseadas em dados internacionais, como dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos. No entanto, essas referências não retratam fielmente nossa população, dificultando a criação de políticas públicas eficientes.
Sem um levantamento oficial governamental, iniciativas como o Mapa do Autismo Brasil têm coletado dados sobre o perfil e as características das pessoas autistas no país. Apesar da relevância desses esforços, precisamos avançar para um censo demográfico que traga números reais e detalhados sobre essa parcela da população. Ainda sem dados concretos, estima-se que um em cada 36 crianças nasça com TEA no Brasil, reforçando a necessidade urgente de políticas públicas voltadas à comunidade.
A falta de informações impacta diretamente o acesso a direitos básicos, como diagnóstico e tratamento. Muitas famílias enfrentam dificuldades para conseguir atendimento especializado para seus filhos com TEA, que precisam de suporte desde os primeiros anos de vida. Sem estatísticas precisas, o poder público não consegue mapear as demandas e direcionar recursos de forma eficiente.
O tema da campanha do Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo de 2025, “Informação gera empatia, empatia gera respeito”, destaca o papel fundamental do conhecimento na construção de uma sociedade mais inclusiva. Mas como promover empatia e respeito sem dados confiáveis sobre essa comunidade? Informação precisa ser tratada como ferramenta de transformação social, e o censo é essencial nesse processo.
Embora avanços estejam ocorrendo no Congresso Nacional, há muito a ser feito. Projetos de lei de minha autoria, como o PL 1466/22, que cria o programa de moradia assistida para autistas, e o PL 1462/22, que inclui conteúdos sobre o TEA nos cursos superiores de Pedagogia, Psicologia e Psicopedagogia, demonstram nosso compromisso com a causa. No entanto, essas medidas devem vir acompanhadas de um esforço nacional para a obtenção de dados concretos.
Lutar por um censo demográfico específico para a população autista não é apenas uma questão estatística, mas uma necessidade urgente para garantir um futuro digno e inclusivo. Precisamos assumir esse compromisso e, juntos, transformar a realidade de milhares de brasileiros com TEA. É nossa responsabilidade reconhecer cada autista e garantir que seus direitos sejam respeitados.
Foto: Ascom do deputado