Renata Abreu é deputada eleita por São Paulo e presidente nacional do Podemos
A sanção presidencial da lei que proíbe o uso de celulares nas escolas é um marco significativo para a Educação no Brasil. A partir de agora, estudantes de escolas públicas e privadas terão restrições ao uso dos aparelhos durante as aulas, recreios e atividades extracurriculares.
É uma medida que visa enfrentar um problema que há anos preocupa educadores, pais e especialistas: o impacto do uso excessivo do celular no desempenho escolar e no desenvolvimento social das crianças e adolescentes.
Dados recentes apontam que 80% dos alunos brasileiros de 15 anos relatam se distrair com os celulares durante as aulas, como revelou o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2022. Essa realidade é um reflexo do nosso tempo, no qual a tecnologia se tornou onipresente e nem sempre é utilizada de forma equilibrada. O celular é uma ferramenta poderosa; no entanto, quando usado sem limites, compromete a concentração, o aprendizado e a interação social — pilares essenciais da formação educacional. A lei surge, portanto, como um primeiro passo para enfrentarmos essa questão.
Gostaria de destacar que nenhuma lei será plenamente eficaz se não houver a colaboração de todos os envolvidos nesse processo. Proibir o celular é um gesto inicial, mas não resolve, sozinho, os desafios da Educação. Escolas, professores, pais e alunos precisam atuar juntos para que essa mudança de hábito se traduza em resultados concretos. O sucesso dessa iniciativa depende de um esforço coletivo para resgatar a atenção plena em sala de aula e, ao mesmo tempo, promover um uso mais responsável e consciente da tecnologia.
As escolas devem transformar essa proibição em uma oportunidade pedagógica, mostrando aos estudantes que é possível conviver com a tecnologia sem ser controlado por ela. Professores precisam ser preparados para lidar com essa transição e buscar formas de engajar os alunos com metodologias que despertem o interesse pelo conteúdo.
A parceria com as famílias é igualmente essencial. Os pais, ao reforçarem os limites do uso do celular em casa, desempenham um papel crucial na criação de um ambiente propício ao aprendizado. Já os alunos precisam ser convidados a compreender os motivos dessa mudança e a enxergar seu impacto positivo em suas vidas. Mais do que impor regras, precisamos dialogar.
Em outros países, como a França, onde medidas semelhantes já foram implementadas, observou-se uma melhora significativa na concentração e no desempenho dos estudantes. Isso mostra que estamos no caminho certo, embora o avanço dependa do comprometimento de todos.
Além disso, é fundamental lembrar que a tecnologia não é a vilã dessa história. Muito pelo contrário, ela pode ser uma grande aliada quando utilizada de forma pedagógica, planejada e com um propósito claro. Não se trata de demonizar o celular, mas de ensinar nossos jovens a usá-lo com responsabilidade.
Defender essa lei é defender a qualidade da educação brasileira. Acima de tudo, é reafirmar meu compromisso com a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, prontos para enfrentar os desafios do futuro. Tenho certeza de que a Educação é a chave para transformar vidas e construir uma sociedade mais justa e desenvolvida. Por isso, estarei sempre ao lado daqueles que lutam por um ensino que vai além dos conteúdos escolares, que forma não apenas profissionais, mas também seres humanos comprometidos com o bem coletivo.
O caminho é desafiador, porém acredito no poder da Educação e na força de um trabalho feito em união. Com escolas, professores, pais e alunos caminhando juntos, podemos construir um ambiente de aprendizado que inspire nossas crianças e jovens a serem a melhor versão de si mesmos. Essa é a minha luta, e convido você a caminhar comigo nessa jornada.
Artigo Publicado no site Jota
Foto: Nilo Martins