Foi aprovado na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP), o Projeto de Lei do secretário da Transparência da Câmara, deputado federal José Medeiros (Podemos-MT), que impede gestores públicos de usarem sigilo em contratações de emergência devido à pandemia do coronavírus.
“Em nome do combate ao vírus, muitos gastos são feitos com esse instrumento do sigilo, a arrepio do conhecimento popular”, alerta José Medeiros.
A pandemia do coronavírus possibilitou a flexibilização das leis no país e com a desburocratização a aquisição de remédios e equipamentos, permitiu, em alguns casos, compras com dispensa de licitação.
No Brasil, desde o início da pandemia, a Polícia Federal (PF) já atua em mais de 70 operações de combate à corrupção e investiga práticas ilícitas como a compra de equipamentos inadequados e desvios de recursos que deveriam ser utilizados no combate ao coronavírus.
José Medeiros defende o fim do sigilo para que uma nova “farra histórica”, com dinheiro público, como a que ocorreu na Copa do Mundo de 2014, seja evitada no país.
“Na Copa de 2014, o país teve prejuízos incalculáveis. Cito como exemplo o que aconteceu em Cuiabá, que sofre até hoje com os resquícios dos escândalos de corrupção. Por isso, este projeto busca fazer com que as coisas possam transcorrer de forma diferente, com mais transparência e eficiência”, argumenta o deputado.
De acordo com a proposta, os sigilos são justificáveis em atos secretos ou ultrassecretos, na Lei de Acesso à Informação, mas fica a destinação dos recursos públicos usados no enfrentamento a Covid-19 fora dessas classificações.
“Pretendemos criar disposição expressa na LAI que impeça a classificação superveniente daquelas informações como ‘sigilosas’, expressão aqui usada em sentido genérico, bem como servir de base para que se proíba que estados superfaturem contratações em nome do combate à pandemia. E o fazemos por entender que a supremacia do interesse público deve ser a tônica no trato das questões atinentes ao combate de pandemias. A transparência ativa e a passiva devem ser máximas nesse caso”, defende José Medeiros.