Parlamentares do Podemos criticam as recorrentes tentativas de desmanche e enfraquecimento da Operação Lava Jato. Deputados e senadores do partido reconhecem a força-tarefa como um importante instrumento no combate à corrupção que deve ser preservado e ter continuidade.
As recentes declarações do procurador-geral da República, Augusto Aras, geraram reação dos congressistas da bancada do Podemos no Congresso Nacional. Na última terça-feira (28), ao canal da TVPT, o PGR afirmou que: “Agora é a hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure” e “lavajatismo estava com os dias contados e precisando de correção”. Para os parlamentares as declarações levantam dúvidas sobre o compromisso do PGR no combate à corrupção.
Para o senador Eduardo Girão (CE), a declaração inspira preocupação. O parlamentar entende que Aras deve esclarecimentos aos brasileiros e reforça o compromisso de não aceitar nenhum retrocesso ao combate à corrupção e à força-tarefa.
“A Lava Jato é, sim, um ponto fora da curva do nosso país, e tem trazido muitos resultados importantes. Bilhões e bilhões de reais foram recuperados, usados agora também no enfrentamento dessa pandemia de covid-19. Portanto, não pode parar. Tem mais gente para prestar contas. Você vê ataques aos procuradores da Lava Jato em Curitiba e em outros estados também. Estamos vendo um prosseguimento, ao meu ponto de vista, coordenado, orquestrado, para minar essa operação. Isso é um desserviço”, avalia o parlamentar.
Para Girão, a Lava Jato já trouxe avanços ao país e por esse motivo não é aceitável nenhum tipo de desmonte ou enfraquecimento.
“Essa operação prestou e ainda presta um grande serviço para a nação no combate à corrupção, pois trouxe mais credibilidade ao País, fazendo com que investidores começassem a olhar para o Brasil com outra visão, atraindo investimentos, autoconfiança e autoestima para o povo brasileiro”, declarou o parlamentar.
Lasier Martins (RS) também defende a existência da Lava Jato e cobra do PGR o mesmo comprometimento.
“O combate à corrupção precisa continuar e a PGR nos deve a comprovação de que também deseja isso”, argumenta o senador.
O deputado José Nelto (GO) esclarece que respeita o PGR, mas não concorda com os pensamentos pronunciados. O parlamentar repudia qualquer tentativa de diminuição dos feitos já obtidos pela força-tarefa.
“A Lava Jato não pode ser enfraquecida, as punições aos corruptos não podem ser abrandadas. É uma vergonha enfraquecer a maior operação de combate à corrupção do Brasil”, critica o parlamentar.
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) rebate as declarações do PGR e reforça o compromisso com a manutenção das operações de combate à corrupção no país.
“As forças-tarefas se constituem em modelo internacional de sucesso nas grandes e complexas investigações realizadas e, por isso, vêm sendo utilizadas com bastante êxito no MPF nas últimas décadas. Servem ao enfrentamento da corrupção, da criminalidade organizada, bem como na defesa dos direitos humanos e do meio ambiente”, diz trecho da nota publicada pelos membros da ANPR.
A ANPR informa que das 23 forças-tarefas ativas passaram por averiguações e em nenhuma delas foi detectado qualquer tipo de irregularidade. Além disso, foi classificada como reprovável qualquer tentativa de enfraquecimento da Lava Jato.
“No que concerne especificamente à Operação Lava Jato nenhuma irregularidade restou identificada. Considera, por outro lado, reprovável toda e qualquer tentativa de enfraquecimento da sua atuação e reafirma, por fim, que seguirá defendendo, firmemente, a independência funcional de seus membros, que aproveita, não a cada um deles individualmente, mas sim à sociedade brasileira, que necessita de um Ministério Público independente, forte e atuante”, explicam os membros da ANPR.