Folha | Pré-candidato à Presidência, Alvaro Dias diz que políticos precisam mudar

GABRIELA SÁ PESSOA
DE SÃO PAULO

 

Discursando contra os partidos políticos —que definiu como atores de um “quadro deteriorado”, que “mergulhou pais num oceano de dificuldades”—, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) divulgou, neste domingo (19), a sua pré-candidatura à Presidência em 2018.
Dias participou de um evento na Assembleia Legislativa de São Paulo, promovido pela juventude de seu partido. Elogiou as ações de combate à corrupção do Ministério Público, da Justiça e da Polícia Federal. Citou dois “ícones da Justiça”: os juízes da lava Jato Sergio Moro e Marcelo Bretas).
“Ou [os políticos] mudamos, ou seremos atropelados por esse sentimento irresistível”, afirmou.
“Organizações criminosas”, “lavanderias do dinheiro público”, “filhos do Petrolão” e “sanguessugas” foram alguns dos termos que o senador usou para se referir à classe política.
À Folha ele afirmou discordar de “muitos analistas” que veem, neste momento, uma possibilidade de polarização eleitoral entre o ex-presidente Lula (PT), à esquerda, e o deputado federal (Jair Bolsonaro), à direita.
O senador registrou 4% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha,em outubro. Lula tem 36% e Bolsonaro, 16%.
“Há no inconsciente coletivo um movimento que emerge, avassalador, contra os velhos conceitos, que estão arraigados ainda entre os analistas”, ele diz. “Imagino as pessoas lúcidas, conscientes de que a omissão pode ser tragédia política renovada.”
Ele diz apostar que o PSDB, que deixou em 2015, enfrentará rejeição nas urnas em 2018.
Os tucanos veem algumas de suas principais lideranças, como os senadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), atingidos pelas investigações da Lava Jato.
}Além disso, o partido tem vivido uma divisão interna sobre permanecer ou desembarcar do governo Temer.
“O PSDB já perdeu várias eleições e deve perder mais uma, como consequência exatamente do seu perfil de partido cartorial, com decisões impostas de cima para baixo. [A sigla] não exercita internamente a democracia e promove divergências internas.”
Para Dias, sua antiga legenda “está no campo dos partidos rejeitados, que a população indica que não pretende votar” e “sofrerá as consequências de suas últimas atitudes, especialmente quando aderiu ao PMDB no impeachment [de Dilma Rousseff], em vez de requerer o impeachment completo”.

ALIANÇAS

O Podemos, a que Alvaro Dias se filiou em 1º de julho deste ano, é o sétimo partido do senador.

“Minha tese é de que não temos partidos no Brasil. Por isso, quando me indagam por que mudei de partido, digo que nunca mudei de partido”, ele explica.
Ainda não vislumbra alianças com outras legendas em sua campanha “irreversível” para disputar a Presidência.
“As alianças foram a causa dessa desgraça administrativa que se implantou no Brasil. Quero ficar distante desse conluio partidário promíscuo”, afirmou.
As associações, no entanto, serão possíveis para viabilizar candidaturas regionais, como a do senador e ex-jogador de futebol Romário Faria ao governo do Rio.
Ideologicamente, diz rejeitar se classificar como político de esquerda ou de direita. Ou mesmo de centro: “Prefiro apresentar as credenciais e deixar que as pessoas me rotulem”.
“Procuro valorizar ideias que são consideradas patrimônio da direita e ideias que são consideradas patrimônio da esquerda. Não entendo como elas não podem ser patrimônio de quem quer que seja”, ele comenta.
No campo que ele atribui à direita, defende um Estado mais enxuto, com um programa de privatizações que exclui empresas “estratégicas que dizem respeito à soberania nacional”, como a Petrobras e a Eletrobras. À esquerda, defende programas sociais de transferência de renda.

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