A identificação de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o COAF, acaba de ser comprometida. O Governo Federal cortou a verba de quase R$ 7 milhões prevista para atualizar, neste ano, informações suspeitas, analisar dados e produzir relatórios de inteligência para órgãos como Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público.
Estamos diante de um verdadeiro desmonte da estrutura pública de combate à corrupção, um movimento de inquisição aos órgãos fiscalizadores, a exemplo da perseguição generalizada à lava-jato. A demanda desencadeada por esse movimento é a proteção de instituições e agentes de persecução criminal. Precisamos agir pela subsistência dos órgãos que tornam factíveis a luta diária contra crimes do colarinho branco.
O Governo não pode compactuar com o retrocesso em curso. Deve priorizar em seu orçamento os mecanismos que colaboram com o estabelecimento de um Estado forte, imparcial e livre da mazela da corrupção.
Recentemente me posicionei contra ato do Ministério da Economia autorizando um seleto grupo de servidores públicos a furar o teto constitucional de R$ 39,2 mil, beneficiando, entre outros, ministros que acumulam às suas remunerações as aposentadorias de suas carreiras. Por que sobra dinheiro para questões secundárias e falta para o emergencial?
O interesse do Governo, mais do que nunca, deve ser o interesse do povo. As ações precisam ser compatíveis com o anseio da população por justiça. Combater a corrupção é um caminho fundamental para a superação de crises. Um Estado forte não se detém por interesses escusos, não é conivente com o crime organizado e não trava o avanço da agenda anticorrupção.
José Nelto
Deputado Federal, vice-líder da Maioria e vice-líder do Podemos na Câmara dos Deputados